quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Saudade de algum buritizal

"De tarde, como estava sendo, esfriava um pouco, por pejo de vento - o que vem da Serra do Espinhaço - um vento com todas almas. Arrepio que fuxicava as folhagens ali, e ia, lá adiante longe, na baixada do rio, balançar esfiapado o pendão branco das canabravas. Por lá, nas beiras, cantava era o joão-pobre, pardo, banhador. Me deu saudade de algum buritizal, na ida duma vereda em capim tem-te que verde, termo da chapada. Saudades, dessas que respondem ao vento; saudade dos Gerais. O senhor vê: o remôo do vento nas palmas dos buritis todos, quando é ameaço de tempestade. Alguém esquece isso? O vento é verde. Aí, no intervalo, o senhor pega um silêncio põe no colo. Eu sou donde nasci. Sou de outros lugares. Mas, lá na Guararavacã, eu estava bem."

(João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas)


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